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Em Rio Claro, excelência da pesquisa em geociências e em meio ambiente produzida no IGCE traz retornos positivos à população

Investimentos em pesquisas e na formação dos estudantes no câmpus da Unesp alcançam a comunidade na forma de parcerias diversas e projetos de extensão que promovem o conhecimento e melhoram a gestão pública

Por: Redação
30/06/2025 às 19h00
Em Rio Claro, excelência da pesquisa em geociências e em meio ambiente produzida no IGCE traz retornos positivos à população
Eliete Soares / ACI Unesp

Instituto de Geociências e Ciências Exatas (IGCE) da Unesp em Rio Claro é um polo de excelência acadêmica e científica que se destaca pela produção de pesquisas em colaboração com empresas e instituições de renome, e pelo desenvolvimento de inovações tecnológicas.

Na formação de recursos humanos, a unidade oferece seis cursos de graduação (Ciências da Computação, Engenharia Ambiental, Física, Geografia, Geologia e Matemática) e é a sede de sete programas de pós-graduação. Este conhecimento produzido no Instituto e transmitido aos estudantes também alcança a comunidade de Rio Claro e região na forma de projetos de extensão voltados principalmente para a educação, a divulgação científica, o meio ambiente e a gestão pública.

Na última década, o IGCE tem se destacado pela competência na captação de volumosos recursos externos para pesquisa e desenvolvimento. Segundo o professor Fábio Reis, atual vice-diretor do Instituto, foram captados, nos últimos dez anos, mais de R$ 150 milhões para projetos em parceria com instituições como Petrobras e a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). 

“O IGCE, por meio do Laboratório de Estudos de Bacias, por exemplo, recebeu investimentos significativos para projetos inovadores, incluindo estudos sobre captura e armazenamento de CO2 em aquíferos, que contribuem para a transição energética e a mitigação das mudanças climáticas. Na mesma linha, o Centro de Ciências Naturais Aplicadas (Unespetro) desenvolve projetos ligados à inteligência artificial, modelagem de processos geológicos e avaliação da sensibilidade ambiental costeira”, aponta Reis.

Apenas no âmbito do projeto Unespetro, cerca de R$ 55 milhões têm sido aplicados em ações ainda em andamento.

Pesquisas de fôlego

No início dos anos 2000, o IGCE coordenou e participou ativamente de uma iniciativa ambiciosa, com financiamento da Petrobras, que mapeou e analisou a sensibilidade do litoral paulista ao derramamento de petróleo, o Projeto Cartas SAO.

O Cartas SAO reuniu aproximadamente 350 pesquisadores de diferentes instituições brasileiras para construir um banco de dados ambiental, cobrindo desde o fundo do oceano, a 2.000 metros de profundidade, até a linha de costa. As pesquisas envolviam o levantamento de informações sobre fauna marinha, como baleias, aves e microrganismos, além de padrões físico-químicos da água e análises de DNA de novas espécies.

Além da coordenação do IGCE, da Unesp, participaram do projeto instituições como USP, Unifesp, UFRJ, UFF, Uerj, UFPR, Furg, PUC-Rio, Inpe e Instituto de Pesca do Estado de São Paulo, além de sete gerências da própria Petrobras. Segundo a professora Elíris Cristina Rizziolli, diretora do IGCE, o Cartas SAO teve grande impacto científico e regulatório, pois todos os dados coletados foram entregues ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), órgão federal responsável pelo licenciamento de atividades potencialmente poluidoras.

“Além da contribuição científica, o Projeto Cartas SAO resultou na produção de um documentário, disponível no YouTube, e no lançamento dos livros 'Cartas SAO: sensibilidade ambiental ao óleo', volumes 1 e 2, que consolidaram as informações e descobertas geradas pela pesquisa e que estão disponíveis para download gratuitamente”, aponta Elíris.

Entre as pesquisas tecnológicas produzidas dentro dos laboratórios do IGCE, uma em especial tem chamado a atenção da indústria automobilística. Sob a liderança do professor Giovani Fornereto Gozzi, o projeto criou uma tinta eletroluminescente que, quando submetida a uma diferença de potencial elétrico, emite luz de forma uniforme.

“O projeto ganhou destaque ao ser selecionado pelo consulado francês para o programa Lepon, uma iniciativa que buscava conectar tecnologias brasileiras com a indústria francesa”, destaca o professor, que também coordena o Centro de Inovação Tecnológica de Rio Claro e o Centro de Análise e Planejamento Ambiental do IGCE.

Todo esse conhecimento produzido dentro dos muros do IGCE também pode ser acessado pela comunidade de Rio Claro por meio dos projetos de extensão universitária. A unidade possui um dos mais robustos planos de extensão da Unesp, estruturado em oito programas principais, que abrangem uma ampla gama de ações voltadas para a educação, a difusão científica, a inovação tecnológica e o meio ambiente.

Geoparque Corumbataí 

O programa de geodiversidade, geoconservação e geocomunicação é um dos destaques da extensão, englobando iniciativas como os museus de Paleontologia e Mineralogia e o Projeto Geoparque Corumbataí. A iniciativa busca valorizar a geodiversidade e o patrimônio da bacia hidrográfica do rio Corumbataí e os nove municípios da região, incluindo Rio Claro. O Geoparque Corumbataí segue as diretrizes da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), com o objetivo de integrar a região à rede mundial de geoparques. 

Com área de aproximadamente 1.700 km² e uma população de cerca de 700 mil habitantes, o território da bacia do Corumbataí também possui grande quantidade de fósseis, não apenas de dinossauros, mas de moluscos, crustáceos e peixes, evidenciando que a região já foi um local de mares, lagos e rios.

Já o programa de Difusão e Letramento Científico do IGCE promove iniciativas como a Praça da Ciência, um evento que leva atividades científicas para o centro da cidade, e o Unesp de Portas Abertas, que recebe centenas de estudantes no câmpus anualmente para conhecerem os cursos e laboratórios da universidade.

Essa atividade também inclui o Show da Física, uma apresentação interativa que traduz conceitos físicos complexos de forma lúdica e acessível para estudantes do ensino fundamental e médio. O Museu Interativo - Show de Física utiliza experimentos de mecânica, termodinâmica, eletricidade, magnetismo e óptica, tendo sempre em mente aproximar a física e a ciência do cotidiano dos visitantes.

Cultura científica

Dentro do IGCE também está abrigado o Museu de Paleontologia e Estatigrafia Paulo Milton Barbosa Landim e o Museu de Minerais, Minérios e Rochas Heinz Ebert. Esses espaços desempenham um papel fundamental na preservação do patrimônio geológico, na disseminação do conhecimento e na interação entre a universidade e a sociedade. 

O Museu de Paleontologia do IGCE é um dos mais importantes da região e possui um vasto acervo de fósseis, que ajudam a contar a história geológica do Brasil. O destaque do acervo é o fóssil do Mesosaurus, um dos registros paleontológicos mais significativos para a comprovação da Teoria da Deriva Continental de Alfred Wegener. A teoria postula que os continentes da Terra já foram unidos em um único supercontinente chamado Pangeia, que ao longo dos últimos 200 milhões de anos se separou dando origem ao desenho atual dos continentes.

O Museu de Minerais, Minérios e Rochas abriga uma coleção de exemplares nacionais e internacionais. Ele tem um papel essencial no ensino e na pesquisa em geociências, oferecendo suporte para disciplinas dos cursos de Geologia, Engenharia Ambiental e outras áreas relacionadas.

Entre os projetos em discussão, um dos grandes sonhos da unidade é a implantação de um observatório astronômico. Atualmente, a unidade já desenvolve iniciativas como a Escola dos Astros, coordenada pelo professor Nelson Calegari Júnior, e eventos de observação celeste voltados para a comunidade acadêmica e o público externo.

Colaboração para políticas públicas

Outro programa de destaque é o de Apoio à Tomada de Decisão em Políticas Públicas, que inclui iniciativas como o Observatório Cidade Azul, que fornece dados para a gestão pública municipal, e estudos sobre vulnerabilidade ambiental e planejamento territorial. Um dos objetivos do projeto é que as parcerias com órgãos públicos auxiliem os gestores a tomarem decisões baseadas em evidências científicas.

Além dessas iniciativas, há o programa de Computação Aplicada e Ciência de Dados, que promove ações de inclusão digital, inteligência artificial e uso de big data, incluindo cursos e treinamentos voltados para diferentes públicos, desde estudantes do ensino médio até a terceira idade. A Universidade Aberta à Terceira Idade (UNATI) também se insere nesse contexto, oferecendo atividades específicas para idosos, promovendo letramento digital e socialização acadêmica.

O último grande eixo da extensão é o programa de Desenvolvimento Econômico e Social, que engloba projetos voltados para análise e mitigação do desmatamento, estudos sobre a Amazônia e a relação entre atividades econômicas e impactos ambientais.

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