Os serviços de vídeo sob demanda (VOD na
sigla em inglês) que atuam no Brasil se
organizaram em torno de uma associação que
está sendo anunciada nesta quarta-feira, dia 12.
Batizada de Strima, a organização foi concebida
por cinco dos maiores serviços de streaming
com atividades no país: Globoplay, Netflix,
Disney+, Prime Video (Amazon) e Max (Warner
Bros., controladora da HBO).
“Os negócios de streaming têm ganhado
visibilidade e se tornaram uma força motriz no
desenvolvimento do setor de audiovisual. A
Strima nasce com a missão de dialogar com
todos os envolvidos, o que inclui poder público,
empresas e profissionais”, diz Luízio Felipe
Rocha, diretor executivo da associação.
Segundo ele, o objetivo é ter “um espaço de
diálogo construtivo e institucional para estimular
políticas públicas que levem em consideração
as diversas particularidades do streaming.”
A associação também quer conversar com as
outras organizações representativas do setor
para entender quais são as necessidades dos
“stakeholders” e produzir estudos de impacto
econômico que ajudem balizar as discussões,
considerando os diversos modelos de negócio e
formas de atuação dos serviços de VOD.
As conversas para criar a associação
começaram no ano passado e decorrem de uma
conjunção de fatores que fizeram as empresas
fundadoras entenderem que era necessário criar
um fórum para fortalecer o desenvolvimento do
streaming, à medida que o setor se torna mais
relevante no investimento em produção
audiovisual e na capacitação de profissionais,
diz o executivo.
O Brasil é o principal mercado de vídeo sob
demanda da América Latina e um dos maiores
do mundo. Quase um terço dos 83 milhões de
assinantes latino-americanos de streaming está
no país, e a expectativa é que esse número
cresça ainda mais, com estimados 40 milhões
de assinaturas em 2027, revela estudo do Banco
Mundial publicado neste ano. Em média, mostra
o levantamento, o espectador brasileiro passa
quatro horas por dia vendo TV, seja por
radiodifusão ou streaming.
O setor de audiovisual como um todo é
responsável por cerca de 657 mil empregos
diretos, indiretos e induzidos no Brasil, de
acordo com a Oxford Economics/MPA, de
análise de mercado. Desse total, 126,6 mil são
vagas diretas. O setor também contribui com
aproximadamente R$ 55 bilhões para o PIB
brasileiro.
Um dos pontos que requerem atenção, diz
Rocha, é a regulamentação das atividades de
VOD. Atualmente, dois projetos de lei sobre o
assunto tramitam no Congresso: o PL
2331/2022, que já foi aprovado no Senado e
está em análise na Câmara dos Deputados, e o
PL 8889/2017, também em discussão na
Câmara. “A Strima reconhece a importância
desse debate, mas acredita que é preciso levar
em consideração a realidade econômica
brasileira. As discussões estão amadurecendo”,
afirma o executivo.
Outro tema importante se refere aos reflexos da
Reforma Tributária, cuja Emenda Constitucional
foi promulgada em dezembro de 2023. A
primeira Lei Complementar foi aprovada em
dezembro do ano passado, sendo sancionada
em janeiro. A reforma tem forte impacto no setor
de serviços, diz Rocha, o que terá repercussão
no setor de audiovisual.
A Strima está aberta a todas as esferas de
poder público, mas, por causa das
características do setor, os principais
interlocutores no poder público devem ser o
Executivo e o Legislativo federais, afirma o
diretor.
O conteúdo dos streamings tem ganhado
reconhecimento rapidamente, com vitórias em
festivais e premiações importantes. O filme
“Ainda estou aqui”, que deu ao Brasil seu
primeiro Oscar, de Melhor Filme Estrangeiro, é
uma produção original Globoplay.
“O streaming se tornou a grande vitrine das
produções brasileiras no mundo. Da mesma
forma, permitiu que mais conteúdo de outros
países chegasse ao Brasil”, afirma o diretor da
Strima. “Queremos que os brasileiros se vejam
na tela, não só no país, mas no mundo todo.”