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Editoriais Corporativistas, Narrativas de Crise e a Realidade no Brasil Atual

Por: Redação
27/12/2024 às 14h30

Nos bastidores da comunicação brasileira, os grandes jornais corporativistas exercem um papel fundamental na formação de opinião pública. Entretanto, um estudo recente do site Ranking dos Políticos revelou um viés preocupante: entre 66,5% e 84% dos editoriais publicados em 2023 por veículos como Folha de S. PauloO GloboO Estado de S. Paulo e Gazeta do Povo mencionaram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de forma negativa. Esta disparidade retórica nos convida a refletir sobre a imparcialidade e a responsabilidade social da mídia tradicional.

Os editoriais mais contundentes apontaram falhas na gestão fiscal, nas políticas públicas e na governança em geral.

Em editorial de 22 de dezembro de 2024, a Folha de S. Paulo, afirma que a conta do almoço grátis chega cedo ou tarde e que apenas se abandonar a gastança Lula terá condições de concluir seu mandato sem pôr em risco a estabilidade macroeconômica do país.

No entanto, não há gastança no Brasil, o país não vive hiperinflação, mas há no horizonte uma disputa sobre o controle do orçamento público. Salvo melhor juízo, quem quer almoço de graça são setores empresariais que levam bilhões em desonerações fiscais, assim como a elite do funcionalismo público, que deseja manter seus supersalários. Quem paga a conta dos ajustes fiscais, e, portanto, não teve almoço grátis, são os segmentos populares da sociedade brasileira.

Por que os editoriais dos jornais corporativos omitem esses setores que se assentam à mesa para comerem almoço de graça? Descuido ou cumplicidade?

Temas como a pretensão de revisão das reformas trabalhista e previdenciária, reivindicada pela classe assalariada, bem como a administração das estatais, têm sido frequentemente alvo de críticas dos jornalões. Contudo, a maior discórdia parece residir na visão econômica do governo Lula, marcada pela tentativa de ampliar o papel do Estado no desenvolvimento nacional, em contraste com a agenda neoliberal, responsável pela estagnação em que o país está mergulhado há décadas, defendida cegamente por esses veículos.

É pertinente destacar que a reforma tributária foi uma rara exceção a essa postura predominantemente crítica. Reconhecida por sua complexidade, essa iniciativa do Governo Lula recebeu elogios cautelosos. Esse fato, no entanto, apenas reforça o padrão de seletividade dos editoriais, que parecem destacar erros e minimizar acertos.

A tendência negativa da cobertura editorial corporativista não é novidade, mas atinge novas proporções quando analisamos o contexto político e econômico. Após os anos de retrocessos democráticos e sociais durante o governo Bolsonaro, o Brasil agora busca reconstruir seu tecido institucional e retomar uma agenda de desenvolvimento mais inclusiva. Apesar de desafios reais — como o equilíbrio fiscal e a necessidade de crescimento sustentável —, a narrativa de "crise" constante promovida por esses jornais carece de maior embasamento empírico e muitas vezes ignora avanços concretos.

A abordagem crítica, embora essencial no jornalismo, precisa ser balizada por um compromisso com a verdade e com o interesse público. Narrativas desproporcionais não apenas distorcem a percepção popular, mas também deslegitimam iniciativas que podem trazer benefícios de longo prazo para o país. Mais do que apontar falhas, é preciso reconhecer os desafios estruturais e contribuir para um debate construtivo.

O papel da imprensa não deve ser o de um opositor sistemático, mas de um fiscal vigilante e justo. A crítica é vital, mas ela perde sua legitimidade quando guiada por interesses ideológicos ou econômicos que pouco dialogam com a realidade socialmente ultrajante em que vive a maioria da população brasileira, que resulta do colonialismo opressor de nossa formação histórica.

Numa democracia, a pluralidade de vozes é um dos pilares centrais. Que os editoriais da mídia se tornem um espelho mais fiel das complexidades e potencialidades do Brasil, em vez de ecoarem velhos dogmas corporativistas que perpetuam a desigualdade social e a estagnação política. 

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