A Rússia disse nesta quarta-feira (27) que se os Estados Unidos instalarem mísseis no Japão isso ameaçaria a segurança russa e levaria Moscou a retaliar.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, acusou o Japão de escalar a situação em torno de Taiwan para justificar a expansão dos laços militares com Washington.
“Advertimos repetidamente o lado japonês que se, como resultado dessa cooperação, mísseis americanos de médio alcance aparecerem em seu território, isso representará uma ameaça real à segurança de nosso país e seremos forçados a tomar as medidas necessárias e adequadas para fortalecer nossa própria capacidade de defesa”, afirmou a porta-voz russa.
Zakharova disse que Tóquio poderia ter uma ideia do que essas medidas implicariam ao ler a doutrina nuclear atualizada da Rússia, publicada na semana passada, que ampliou a lista de cenários sob os quais a Rússia consideraria o uso de armas nucleares.
A agência de notícias japonesa Kyodo informou no domingo (24) que o Japão e os EUA pretendem compilar um plano militar conjunto para uma possível emergência em Taiwan. A ação incluiria a instalação de mísseis no território japonês.
A agência citou fontes anônimas americanas e japonesas que afirmaram que, de acordo com o plano, os EUA enviariam unidades de mísseis para as ilhas Nansei das prefeituras de Kagoshima e Okinawa, no sudoeste do Japão, e para as Filipinas.
Na segunda-feira (25), o vice-ministro das Relações Exteriores, Sergei Ryabkov, disse que a Rússia consideraria a possibilidade de instalar mísseis de curto e intermediário alcance na Ásia se os Estados Unidos instalassem tais mísseis no continente.
Questionada sobre essa declaração, Zakharova se recusou a discutir onde a Rússia poderia instalar tais armas, mas observou que metade de seu território está na Ásia, portanto, quaisquer mísseis russos potencialmente instalados a leste dos Urais estariam nessa região.
A porta-voz disse que Moscou havia enviado um sinal claro aos Estados Unidos e seus aliados “satélites” de que a Rússia responderia de forma decisiva e simétrica à colocação de mísseis terrestres de médio e curto alcance em várias partes do mundo.
Ela afirmou que o Ocidente não deveria ter dúvidas sobre o potencial da Rússia depois que o país lançou um novo míssil hipersônico de alcance intermediário, o Oreshnik, contra um alvo na Ucrânia na semana passada.