Desde que foi possível recopilar os pensamentos e ideias dos homens, primeiro em pedra, depois em papiros, e mais tarde por intermédio da imprensa, teve-se a impressão de que grande parte dos seres humanos poderia, por esse meio, receber uma instrução e uma ilustração que, de outra maneira, ficariam relegadas apenas a um reduzido número: àquele que tivesse o privilégio de receber, por via oral, o conhecimento que haveriam de lhe transmitir os que estivessem de posse dele.
A difusão do livro, realizada de um extremo a outro do mundo, foi, é e seguirá sendo o recurso mais eficaz para que os povos se conheçam entre si, estudem seus costumes, seus avanços, suas características típicas, etc., como também para que todos, sem exceção, possam compartilhar os benefícios que cada descobrimento científico proporciona e também as grandes conquistas na evolução do pensamento, naqueles pontos em que a civilização acentua seus progressos em consecutivos avanços na conquista do bem e da felicidade.
Na atualidade, em todas as nações do mundo existem bibliotecas enormes, consideradas orgulho da cultura e expressão das altas inquietudes que movem o espírito da nacionalidade na busca do aperfeiçoamento em todos os sentidos, visando ao engrandecimento dos respectivos países. Entretanto, convém ressaltar que, entre os milhões de livros que circulam, nem todos - talvez venha ao caso dizê-lo – contêm ideias construtivas ou de alta finalidade moral, intelectual ou social.
Naturalmente, para uma inteligência preparada, o fato de haver livros que carecem de utilidade ou valor prático tem pouca ou nenhuma importância, pois está em condições de escolher os melhores; o mau, e até pernicioso, acontece com aqueles que, sem preparação alguma, sem um juízo amadurecido no estudo, sem disciplina intelectual, escolhem ao acaso quaisquer livros, sejam eles bons ou ruins, dando muitas vezes a estes últimos uma marcante preferência. Daí a necessidade, tão profundamente experimentada nos países civilizados, de fomentar o estudo e ensinar até mesmo às classes mais humildes a pensar. Trata-se de uma preocupação que sempre existiu, por ser bem sabido quão indefesas são as pessoas que não pensam, e como é fácil levá-las de um extremo a outro, por ser particularidade delas seguir cegamente aqueles que, tendo maior capacidade, as conduzem para cá ou para lá, segundo suas conveniências, seus interesses ou suas tendências do momento.
Extraído da Coletânea da Revista Logosofia, Tomo 1, pág 191
Carlos Bernardo Gonzalez Pecotche – Criador da Logosofia