O poder de decisão influi diretamente na autoestima da pessoa; por isso uma forma de motivar o colaborador é dar-lhe algum poder de decisão. Em contrapartida, para desmotivá-lo basta tirar o direito de decidir, pois, viver ou trabalhar sem poder decidir nada é sinal de submissão.
Essa é uma das razões de o profissional precisar se preparar até para aposentar ou parar de trabalhar; pois, em regra, quem para de trabalhar tem uma redução acentuada do poder de decidir, e isso é encarado como perda de importância. Portanto, enquanto uns fogem da responsabilidade tentando não decidir coisa alguma, outros sofrem por perder esse direito.
Há quem diz que as donas de casa vivem mais porque dificilmente perdem o direito de decidir coisas simples, mas importantes, como o que preparar para as refeições da família. Assim, quem tira o direito de alguém decidir, normalmente, está diminuindo a autonomia dessa pessoa.
Um filho que, na tentativa de poupar os pais de desgastes, passa a controlar e a decidir tudo por eles pode estar diminuindo a qualidade de vida deles, aliás, está anulando-os. Do mesmo modo, quando um gestor centralizador passa a decidir tudo, sua equipe sente-se desvalorizada e submissa.
Quando percebo que um atendente não tem autonomia nem para decidir coisas triviais de seu serviço, logo penso que aquela empresa está mal dirigida; já que tal situação evidencia fraqueza do colaborador ou insegurança do gestor e em ambos os casos o erro é do dirigente.
Os chefes centralizadores ou inseguros que não delegam fatia do seu poder de decidir reduzem os seus colaboradores a meros cumpridores de ordem e isso é um péssimo investimento. Como desculpa, costumam dizer que não dão autonomia à equipe porque nem sempre os colaboradores têm critério para decidir. Entretanto, a autonomia prestigia o profissional bom que sabe que a liberdade e a responsabilidade devem andar juntas.
O colaborador que foge do direito de decidir é tão fraco e nocivo à empresa quanto o dirigente centralizador que não delega nada. Muitos gestores não dão autonomia aos seus colaboradores por medo de eles errarem; isso é um absurdo, pois a autonomia só existe se a possibilidade de erro for respeitada.
O colaborador responsável não é o que não erra, mas sim o que assume e responde por seus atos, inclusive por aqueles que trazem resultados indesejados. Assim, em qualquer contexto profissional, o gestor que não deixa os dirigidos decidirem nada, além de demonstrar insegurança ou arrogância, está desmotivando a sua equipe de trabalho e prejudicando a sua empresa.
Não é à toa que os bons dirigentes são conhecidos como chefes que estimulam os seus colaboradores a decidir cada vez mais, para que sobre tempo para ele planejar e decidir coisas mais importantes. E, como consequência disso, os bons colaboradores se sentem orgulhosos por poderem decidir as questões decorrentes de seus serviços. Portanto, delegar poder é uma receita simples para melhorar o desempenho da equipe e a imagem da empresa.
A autonomia para decidir é tão importante que é apontada como uma das características marcantes das melhores empresas para se trabalhar. Já a equipe em que só o chefe decide tudo não vai longe, pois, esse tipo de gestão só favorece os submissos que fogem de responsabilidade. O dirigente que não estende o poder de decisão à sua equipe, além de estar emperrando o desempenho dela, está também evidenciando que não confia plenamente nela.
Em síntese, as empresas devem se livrar tanto dos gestores centralizadores que acham que só eles sabem decidir, como dos colaboradores que não querem decidir nada. Leitor, seja você empregado ou empregador, saiba que trabalho sem poder de decisão, parece mesmo escravidão!
Boa semana!
Antônio de Carvalho - Consultor e palestrante sobre motivação, atendimento ao cliente e qualidade de vida no ambiente de trabalho.