Além de controlar o tempo de exposição dos pequenos diante dos aparelhos eletrônicos, pessoas de todas as idades devem fazer pausas para descansar a visão
Se antes os pais tinham que monitorar o tempo que a criança ficava na frente da televisão, para prevenir problemas de visão, hoje as telas estão em toda parte e controlar o período de exposição ficou ainda mais trabalhoso.
Celulares, computadores, notebooks ou tablets fazem parte da rotina da maioria das pessoas e os cuidados para evitar que o uso excessivo afete a saúde ocular devem ser adotados não somente na infância, mas em todas as faixas etárias.
A oftalmologista Thayana Darab, do H.Olhos - hospital de olhos localizado em São Paulo, explica que o maior risco é de doenças na retina, uma fina camada de tecido localizada no fundo do olho, próxima ao nervo óptico, que capta as ondas luminosas para que seja formada a visão.
De acordo com a médica, "quando permanecemos longos períodos em frente de telas, os músculos oculares precisam se contrair para manter o foco de perto. Além disso, as luzes emitidas pelos aparelhos, especialmente a luz azul, aumentam a incidência de doenças retinianas".
O excesso de telas pode provocar sintomas como cansaço visual, ressecamento, ardência, embaçamento da visão para enxergar longe e dor de cabeça. Entre as consequências, doenças como estrabismo agudo, quando os músculos dos olhos deixam de ficar paralelos, olhos secos e pseudomiopia, podem surgir ainda na infância.
"Nas crianças, o uso prolongado de telas também pode antecipar problemas como a miopia e contribuir para o aumento progressivo do grau", alerta a Dra. Thayana Darab. Para prevenir doenças oculares, ela recomenda adotar a regra 20/20, em que após 20 minutos de uso seja feita uma pausa de 20 segundos com os olhos fechados ou com o olhar fixo em um objeto distante.
A oftalmologista reforça a importância de manter uma distância de pelo menos 50 centímetros dos aparelhos eletrônicos e de os pais controlarem o tempo de uso das crianças. A médica lembra que a orientação da Sociedade Brasileira de Oftalmologia e Pediatria é que o acesso seja vetado antes dos dois anos de idade.
A recomendação da entidade é para que dos dois aos cinco anos a criança permaneça por no máximo uma hora por dia na frente de telas e, dos seis aos dez anos, por até duas horas, sempre sob a supervisão de um adulto. ''Outro cuidado é realizar check-ups oftalmológicos a partir da primeira infância', complementa a oftalmologista.
Dados do H.Olhos indicam avanço da miopia em crianças
Levantamento realizado nas unidades do H.Olhos Paulista e do ABC, em São Paulo, mostra aumento no número de crianças atendidas com miopia. De janeiro a junho de 2024, na comparação com o mesmo período do ano passado, o crescimento foi de 184%, na faixa de zero a 5 anos, e de 48%, em pacientes dos 5 aos 10 anos de idade.