Sabe aquela sensação de aperto e chiado no peito, misturada com tosse e dificuldade de respirar? Se a resposta for sim, é melhor procurar um pneumologista, porque pode ser asma, doença crônica das vias respiratórias, caracterizada por inflamação e estreitamento dos brônquios, dificultando a passagem de ar.
A asma afeta cerca de 10% da população mundial. No Brasil, de acordo com o DataSUS, em 2022, foram 83.155 internações pela doença e 524 óbitos registrados. No Dia Nacional do Controle da Asma, 26 de junho, o pneumologista da Santa Casa de Piracicaba, Murilo Piva, explica que as crianças são mais propensas a desenvolver a doença, mas ela também pode afetar adultos.
Há vários fatores de risco que podem desencadear a asma, segundo Piva. "A mais comum é a asma alérgica, que pode ser desencadeada por inalação de alérgenos, como poeira, ácaros e mofo; e há também a asma causada por agentes irritantes como fumaça, produtos de limpeza e perfume, entre outros. Dentre outras causas, podemos citar as infecções respiratórias virais, mudança de tempo, estresse e poluição ambiental, além da asma com manifestação tardia e da asma associada à obesidade, por exemplo", explica Piva.
A asma, no entanto, por ser uma doença crônica e alérgica, tem sido objeto de mudanças significativas em sua abordagem terapêutica ao longo das últimas décadas. "Observaram-se mudanças substanciais na forma de tratar essa condição. Protocolos internacionais, como o GINA (Global Initiative for Asthma, termo em inglês), redefiniram as diretrizes, resultando em uma abordagem mais focada no controle e na prevenção das crises asmáticas. As vacinas, antes parte do arsenal terapêutico, foram substituídas por uma abordagem mais constante e preventiva, uma vez que a asma não possui cura", explica o médico.
Segundo ele, estudos recentes destacaram a importância do tratamento constante, mesmo em casos de asma leve. "Grupos de pacientes tratados com doses baixas e regulares de medicamentos apresentaram função pulmonar comparável àquela de indivíduos não asmáticos. Em contraste, aqueles que recorreram ao tratamento apenas durante as crises experimentaram uma maior perda de função pulmonar ao longo do tempo", enfatiza.
O tratamento da asma, segundo Piva, requer uma combinação de medicamentos de alívio imediato e de controle a longo prazo. Os medicamentos de alívio rápido, como broncodilatadores, são utilizados para aliviar os sintomas durante uma crise asmática, enquanto os medicamentos de controle a longo prazo, como corticosteroides inalatórios, visam reduzir a inflamação das vias aéreas e prevenir o surgimento de crises. "Somente nos casos mais graves ou de difícil controle, são prescritos medicamentos imunobiológicos, que têm sido uma revolução no tratamento de várias outras doenças também", esclarece o pneumologista.
Ele ressalta que, além da terapia medicamentosa, medidas de controle ambiental são fundamentais para prevenir as crises asmáticas. "Manter ambientes limpos, evitar alérgenos, não fumar, evitar áreas com ar poluído e manter uma rotina de atividade física são práticas recomendadas; assim como um plano de ação, desenvolvido em conjunto com o médico, que inclua o monitoramento regular dos sintomas e uso adequado dos medicamentos, práticas essenciais para o gerenciamento eficaz da asma", enfatiza.
Para o pneumologista, a conscientização e a educação contínuas sobre a asma são fundamentais para melhorar o controle da doença e promover uma melhor qualidade de vida aos pacientes asmáticos.